Registro no SIE impulsiona empreendimentos que comercializam produtos de origem animal
Entre 2019 e 2020, 167 estabelecimentos obtiveram certificação no Serviço de Inspeção Estadual na Adaf
Expandir a produção para alcançar novos mercados e aumentar os lucros é o sonho do empreendedor Renato Silva, proprietário de uma pequena empresa de fatiados que manipula produtos como queijo, presunto, bacon e calabresa. Para tornar o objetivo possível, a Sabore Fatiados buscou, em 2020, o registro no Serviço de Inspeção Estadual (SIE), concedido pela Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf). A certificação atesta o cumprimento das diretrizes da legislação sanitária na produção e beneficiamento dos alimentos de origem animal.
O estabelecimento recebeu o registro em outubro e, desde então, já ampliou a quantidade de funcionários contratados, e planeja estratégias de mercado para fornecer produtos às grandes redes de varejo.
“Foi um divisor de águas para a gente. Com a certificação, a gente sabe que está cumprindo todos os ritos que a Vigilância Sanitária e a Adaf exigem para que a gente faça um processo fabril e entregue um produto dentro do padrão. Esses grandes supermercados têm um volume bom de compras e a gente está vislumbrando eles, estamos na luta para conseguir o primeiro e, consequentemente, entrar em vários”, afirmou Renato Silva.
Localizada no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus, a Sabore Fatiados manipula, em média, 800 quilos de frios por dia, totalizando 20 toneladas a cada mês. Padarias, mercadinhos e lojas especializadas estão entre os principais clientes da empresa, que chegou a ser interditada pela Adaf, exatamente um ano antes da certificação.
A unidade de beneficiamento de produtos cárneos, leites e derivados emprega atualmente seis pessoas, duas a mais do que empregava antes de obter o registro. “Agora para o final do ano provavelmente vamos contratar mais, porque a gente confia que quando a gente faz um bom trabalho, somos reconhecidos, e esse reconhecimento vem dos nossos clientes. Consequentemente, a gente contrata mais pessoas para gerar renda e emprego”, ressaltou o proprietário da empresa.
Oportunidade – Mãe de uma criança de 10 anos, Jéssica Ramos é uma das funcionárias agora efetivadas na empresa. “Eu estava desempregada já fazia um tempo, precisava de uma renda, e foi quando surgiu essa oportunidade dessa vaga aqui. Mudou completamente minha vida, mas para melhor. Abracei essa oportunidade, sim, porque ela veio em um momento em que eu estava precisando mesmo. Tenho uma filha de 10 anos e é daqui que eu tiro meu sustento”, disse a funcionária.
Legado familiar – Na parte administrativa da empresa, Renato conta com a ajuda da esposa e da filha mais velha, Bruna Silva. Aos 16 anos, ela conta que sonha em cursar faculdade de Administração e, futuramente, assumir os negócios da família.
“Desde pequena, mais ou menos quando eu tinha uns 10 anos, meus pais começaram a trabalhar com isso e eu sempre fui vendo como era o negócio. Isso foi me envolvendo, fui crescendo, me acostumando, pegando o jeito e estou aqui. Eu sei que ele quer passar isso para alguém, para mim, para minha irmã ou para o meu irmão. É um legado dele. A gente vai ter que lutar para preservar isso, para dar continuidade ou fazer ir até mais longe”, observou Bruna.
Segurança alimentar – A Adaf, vinculada à Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) certificou, entre 2019 e 2020, 29 estabelecimentos com o registro no SIE. Foram certificados empreendimentos especializados em produtos regionais; produtos cárneos, leites e derivados; abatedouros de bovídeos, suínos, aves e jacarés; queijarias artesanais; entrepostos de ovos, de carne e de pescado; além de fábricas de laticínios. A maioria dos registros foi concedido para empreendimentos na capital, mas o interior também é atendido.
Atualmente há 167 estabelecimentos com SIE ativo no Amazonas. O registro aplica-se aos produtos de origem animal destinados ao comércio nos limites do estado. O selo garante que os produtos estão dentro dos padrões higiênico-sanitários previstos na legislação, agregando valor ao produto final, garantindo a segurança alimentar e atestando a qualidade junto ao consumidor.
O diretor-presidente da Adaf, Alexandre Araújo, destacou a importância da regularização dos estabelecimentos de produtos de origem animal junto aos órgãos de inspeção, seja ela no âmbito municipal, estadual ou federal, e a valorização dos produtos regionais impulsionada por esse trabalho.
“É um trabalho que está sendo intensificado no atual Governo, visando a entrega à sociedade de produtos de origem animal que sejam inspecionados pelas nossas equipes da Adaf. Esses alimentos que são produzidos pelos nossos agricultores precisam ser beneficiados de forma que atenda à legislação sanitária para que, na comercialização e no consumo não ofereça riscos aos consumidores, resguardando a saúde pública dos amazonenses”, observou Alexandre.
Comercialização – Um dos estabelecimentos certificados em 2020 foi a Karu Amazon, com foco em produtos regionais defumados. A empresa iniciou as atividades com aproximadamente 30 produtos, entre molhos e pescado (pirarucu, tambaqui e frango defumados) defumados. Em sua fase inicial, o local gera quatro empregos diretos e tem previsão de produzir em torno de 200 a 500 quilos por semana. Além disso, o estabelecimento movimenta a economia local ao adquirir matéria-prima de produtores amazonenses.
O proprietário da Karu, Glauco Luzeiro, pontua que a empresa passou pelas fases de desenvolvimento dos produtos, produção e certificação. O momento agora é de ganhar mercado para a comercialização dos itens. Atualmente o empresário negocia com aproximadamente 10 restaurantes e duas redes de supermercados.
“Sem essa certificação a gente não conseguiria chegar a esse mercado no sentido legal do processo. Mas, outro dado importante é toda a parte de apoio e consultoria que a Adaf nos deu nesse sentido, desde o desenvolvimento preliminar, na área de projetos, essa orientação toda, até a parte da certificação. Esses nichos têm um nível de exigência muito maior. A partir de agora a gente começa a trabalhar o mercado, a questão de colocar esse produto na prateleira do restaurante ou do supermercado”, enfatizou Luzeiro.
FOTOS: Bruno Zanardo e Tácio Melo/Secom