Alerta ao uso de agrotóxicos é intensificado pelo Governo do Amazonas por meio de capacitações
O uso indiscriminado de agrotóxicos em culturas agrícolas tem preocupado órgãos de assistência técnica e fiscalização sanitária no Amazonas. Pensando nisso, o Governo do Estado está realizando uma série de cursos práticos sobre o uso correto e seguro na aplicação de defensivos agrícolas. Neste primeiro momento, a capacitação é direcionada a pequenos produtores de alface hidropônica (plantio protegido) em virtude do crescimento de 22% no cultivo da hortaliça, no período de 2014 a 2016, na zona rural de Manaus.
O primeiro curso realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Adaf), órgãos integrantes do Sistema Sepror, atendeu pequenos agricultores do ramal do Ipiranga, no Puraquequara. As próximas capacitações serão direcionadas aos agricultores de cooperativas e associações que comercializam hortaliças para a merenda escolar.
De acordo com o engenheiro agrônomo do Idam, Geraldo Conceição, as orientações são repassadas conforme a legislação vigente, e a quantidade de defensivos aplicados é calculada com base na área de plantio da hortaliça. “De imediato nossa preocupação é levar as informações que vão desde a aquisição, uso e cuidados, transporte, armazenagem e utilização do agrotóxico para que o produtor possa trabalhar dentro da legislação em vigor”, destacou Geraldo.
Esclarecimento de dúvidas – Para o agricultor Cleopas Bernardino Ferreira, de 35 anos, do km 2,5, que trabalha com alface hidropônica, esses cursos são importantes para esclarecer as dúvidas de muitas famílias aqui do ramal. “Trabalho com sete casas de vegetação e me preocupo com o produto final que entrego ao consumidor. Hoje, mais do nunca, utilizo apenas produtos recomendados para a cultura que trabalho e tenho muita cautela na hora de utilizar as quantidades de defensivos adequadas nas áreas de plantio”, disse o agricultor, ao destacar que está sempre atento às informações contidas no rótulo do produto e as orientações repassadas pelos técnicos do Idam”, destacou o agricultor.
A agricultora Venceslane Gomes de Oliveira, de 51 anos, do km 2,0, trabalha há 13 anos com o cultivo de alface hidropônica e garante que o alimento produzido na propriedade é de qualidade. “Minha preocupação começa desde a higienização dos galpões. Aprendi que priorizando a limpeza do local o aparecimento de pragas e doenças será menor e utilizarei menos o produto.”, disse.
Venceslane trabalha com o cultivo da alface crespa, americana e rocha. Atualmente comercializa o produto para lanches e mercados localizados no bairro Redenção. Segundo ela, o preço do maço é vendido a R$ 1,50 e até as crianças gostam da hortaliça. “Minhas alfaces têm um tamanho menor porque não deixo que elas fiquem muito grandes para não apresentar aquele gosto amargo. É por isso que até as crianças aprovam o produto”, disse.
A Lei 7.802/1989, conhecida como Lei do Agrotóxico, estabelece que a venda dos produtos seja feita por meio de receituário próprio, prescrito por profissionais habilitados.
Acordo de cooperação técnica – Para oferecer uma fiscalização eficiente dos receituários agronômicos no Estado, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Amazonas (Crea-AM) firmou termo de cooperação técnica com o Idam e a Adaf no ano passado.
O termo prevê que os órgãos atuem conforme suas especificidades, o Crea-AM é responsável pela fiscalização do profissional habilitado para prescrever a quantidade necessária de defensivos utilizados no plantio. Os profissionais do Idam prescrevem o receituário e a Adaf fiscaliza se os produtos prescritos no documento estão adequados para a cultura.