Empresários do agronegócio do Sul e Sudeste querem investir no Amazonas
Investir no agronegócio do Amazonas, principalmente no cultivo do dendê para a produção de plástico biodegradável, no setor granjeiro, na pesquisa para o desenvolvimento do açaí híbrido e na indústria de essências naturais, extraídas das plantas nativas da região Amazônica. Esse é o desejo de um grupo de empresários do Sul e Sudeste do país, com experiência no ramo, que se reuniu com o governador Amazonino Mendes e o secretário de Estado da Produção Rural, José Aparecido dos Santos, na terça-feira (14/11), na sede do Governo do Amazonas, no bairro Compensa, zona oeste de Manaus.
Os executivos de São Paulo e do Paraná expuseram suas intenções de explorar o potencial econômico do setor, gerando empregos e renda em todo o Estado. São projetos de indústrias, granja com abatedouro de aves, cultivo de dendê e ainda investimentos para pesquisa de um açaí híbrido.
Para o secretário José Aparecido dos Santos, a reunião foi 100% satisfatória. “São acordos muito importantes para os negócios do Estado. Agora é o momento de dar um novo impulso, com uma clara vantagem competitiva e um time empreendedor de alto nível que buscamos. Por isso, temos todo o potencial para decolarmos com o agronegócio no Amazonas.”
Primeiro abatedouro-frigorífico
Com foco no setor granjeiro, os empresários paranaenses manifestaram interesse em instalar o primeiro abatedouro e frigorífico de aves no Estado. A possibilidade de investimentos chega à casa de R$ 20 milhões e uma equipe de técnicos do Sistema Sepror já está em busca do terreno na região Metropolitana para o início da construção. “Nossos técnicos estão empenhados em fechar o melhor negócio para o Estado, mas o que vai prevalecer é o preço para a compra.” garante o secretário José Aparecido.
O dendê na produção de plástico filme
Com recursos próprios, a empresa Valfilm vai investir em torno de R$ 25 milhões no plantio de dendê no Amazonas. O fruto é a matéria-prima do plástico filme. Película fina, resistente e biodegradável feita à base de substâncias naturais provenientes do fruto do dendezeiro. A técnica já é utilizada pela indústria brasileira, porém, no Amazonas, o insumo é explorado da plantação da Empraba, o que não é suficiente para atender a demanda.
Durante a reunião, os diretores da Valfilm revelaram ao governador Amazonino Mendes que o projeto pra cultivo de 500 hectares de dendê numa área no quilômetro 78, da BR 174 (rodovia que liga Manaus a Boa Vista) está todo regular, faltando apenas a liberação do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). “O governador determinou que a situação fosse resolvida em no máximo dois dias.”, afirma José Aparecido.
Indústria de essências em Novo Airão
Ainda durante o encontro com os executivos, o governador Amazonino Mendes deu aval na liberação do empréstimo de R$ 1 milhão que será investido nas atividades da indústria de essências vegetais, extraídas de plantas nativas da região Amazônica, como a copaíba, andiroba, buriti, murumuru, o pau rosa (principal ingrediente do famoso perfume francês, Chanel nº 5 lançado pela empresa de mademoiselle Coco Chanel em 1921), entre outros.
Instalado em Novo Airão (distante 180 quilômetros de Manaus), o empreendimento está inativo há pelos menos cinco anos devido a falta de recursos, mas, após a determinação do governador Amazonino, a expectativa da Sepror é que até o fim do mês de dezembro deste ano, entre em funcionamento a todo vapor.
“Não podemos desperdiçar a iniciativa desse empresário que veio de São Paulo e se encantou com a cultura dos óleos naturais da região. Fez um investimento altíssimo e desde então luta para fazer a empresa funcionar. O governador tem a confiança de que a produção de óleos essenciais no Estado é, não somente viável, mas rentável, e que Novo Airão sairá em vantagem na disputa por mercados no mundo inteiro”, declara Aparecido.
Multinacionais de olho na produção de óleos
Segundo o assessor técnico da Sepror, Robson Almeida, duas gigantes dos setores agrícola e químico, a Monsanto, dos Estados Unidos da América (EUA), e a Bayer, da Alemanha, já demonstraram interesse na compra de toda a produção de essências da empresa amazonense.
“Hoje 90% do óleo que é usado na produção industrial de biocosméticos é químico e o nosso aqui vai ser todo natural. Essas empresas querem comprar a produção inteira e isso é um grande avanço para o nosso Estado.”, afirma.
Açaí em pó para exportação
Investimentos para a pesquisa científica do açaí nativo e na espécie híbrida (fusão do fruto natural com o desenvolvido em laboratório) e o processo de industrialização do fruto para exportação também foi tema debatido na reunião. Em sua forma in natura, o açaí tem até 90% de água, enquanto que a versão industrial, apenas 35%. O volume é quatro vezes menor, o que facilita e barateia o transporte e a armazenagem. Além disso, não precisa ser mantido em câmaras frigorificadas, podendo durar até um ano, em condições ambientes.
“Nesse procedimento, retiramos a água e exportamos apenas a polpa, com o mesmo valor nutricional da fruta in natura. Só que com valor agregado.”, explica o titular da Sepror.
Milho na região de várzea
Ainda na reunião com os executivos, o governador Amazonino Mendes afirmou que o Amazonas está de portas abertas para quem quiser cultivar milho na região de Várzea. A iniciativa foi um grande sucesso durante a realização do programa Terceiro Ciclo, criado em 1995, para desenvolver a economia do interior do estado a partir do setor primário e que chegou a beneficiar mais de 40 mil famílias de produtores rurais à época.
FOTOS: DIVULGAÇÃO/SEPROR